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Quem sabe em breve teremos jogos mais baratos e também em português. E agora video game também é cultura lol

Eis uma máteria sobre os games feitos no Brasil, por brasileiros mesmo!

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Games ‘Made in Brazil’!

Taikodom
Num futuro apocalíptico, a humanidade é obrigada a deixar a Terra. Em meio a conquistas espaciais, o internauta entra numa guerra.
Para jogar: www.taikodom.com.br

Takô Online
Dá oportunidade para os jogadores criarem personagens entre seis raças de guerreiros e fazer batalhas e missões online
Para jogar: www.takoonline.com.br

Naruto Game
Baseado no desenho japonês Naruto, num mundo só de ninjas cheios de poderes e magias, o jogador tem a liberdade de caminhar no mapa e batalhar contra os inimigos.
Para jogar: www.narutogame.com.br

por PEDRO ANTUNES

O carioca radicado em Florianópolis Tarquínio Teles é um sujeito de 39 anos, dono de uma empresa com mais de 100 funcionários, que sempre gostou de ler a ficção científica de Isaac Asimov e assistir a filmes espaciais, como Star Trek e Star Wars (Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas, no Brasil). E, claro, jogar videogame.

Teles tinha 6 anos quando a primeira geração de videogames chegou ao Brasil, liderada pelo Telejogo. Aos 12, o clássico console Atari 2600 e seus jogos Pac-Man e Space Invaders começou a aparecer por aqui. Ele faz parte de uma geração que acompanhou o crescimento dos games de perto e que se apaixonou por esses jogos.

Era o ano de 2000, Teles e outros três amigos tinham uma ideia na cabeça: criar games. Em especial, aqueles que pudessem ser jogados usando a internet, interagindo com outras pessoas no mundo virtual. “Ficávamos pensando: ‘esse tipo de jogo vai estourar’”, conta. Os jogos são os chamados MMORPG (Massive Multiplayer Online Role-Playing Game: jogo massivo de interpretação de personagem online). “Hoje esse tipo de jogo possui 80% do mercado”.

Foram necessários 8 anos de desenvolvimento e 15 milhões de reais investidos, mas o jogo, enfim, foi lançado no mercado nacional. Batizado de Taikodom, o game, tem a ficção científica como temática – claro. Para jogar, basta acessar o site da empresa (veja abaixo) e brincar. Os três amigos de Teles não estão mais na empresa, chamada de Hoplon Infotainment, mas ele divide o desenvolvimento do game com 100 funcionários. Em outubro, o jogo chegará aos EUA e Europa.

Tarquínio Teles não é o único brasileiro no mercado de games, que movimenta cerca de 50 bilhões de dólares por ano em todo o mundo. Há espaço para todos os tamanhos de empresas. Outro game online, o Takô, também um MMORPG, é criado pela Hive. Com um faturamento previsto de R$ 6 milhões para este ano, a empresa tem trinta funcionários. “Até hoje, o pessoal ainda estranha quando digo que trabalho criando jogos. Eles pensam que eu passo o dia jogando”, diz a diretora de arte Ligia Muraro, 26 anos, que há seis anos trabalha na concepção de games. “Jogar é o que eu menos faço”. Gerente de tecnologia da informação da Hive, Ana Afonso, 26, vê isso em casa. “Meu marido joga mais do que eu”, conta.

De maneira mais simples, quatro amigos resolveram criar o próprio jogo na web. Percebendo o gosto em comum pelo desenho japonês Naruto, eles criaram um game baseado na história do jovem ninja. Lançado em 2009, o Naruto Game é gratuito – assim como Taikodom e Takô. O jogador só gasta dinheiro se tiver interesse em adquirir itens especiais. “No nosso caso, não dá para viver com isso”, conta Carlos Rocha, 26 anos, um dos criadores do jogo. “Gastamos cerca de R$ 1mil por mês com o jogo”, conta ele.

A expansão desse mercado abriu uma lacuna para a geração seguinte de gamemaníacos. Aqueles que cresceram em meio a jogos do Mario Bros e do Sonic, dos anos 90, hoje têm a possibilidade de se especializar. Universidades como Anhembi Morumbi e PUC têm cursos para desenvolvimento de jogos eletrônicos. Em seis meses, Eric Garcia, 23 anos, se formará em desenvolvimento de jogos eletrônicos em 3D, pela escola profissionalizante Saga. Aficionado pelo jogo Silkroad, ele chegou a ser campeão brasileiro em 2008.

“Já gostava de ficar mexendo no Photoshop e pensava em fazer curso design. Quando descobri que poderia fazer jogos de videogame, não pensei mais em outra coisa”, explica o estudante, um dos 800 alunos da escola. Um dos muitos futuros designers de games made in Brazil.

A arte de compor uma trilha sonora para os games

O cara tem pinta de roqueiro, cabelo comprido, mas sua profissão o obriga a escutar de tudo: de música clássica a Edith Piaf. São ossos do ofício de Antonio Teoli, 24 anos. Desde 2008, o rapaz é compositor e sound designer do game ‘Taikodom’, responsável por toda a trilha sonora do jogo.

“Por causa do trabalho, preciso ouvir muito de tudo. Sempre buscando referências, novos sons”, diz. “Até porque o jogo é infinito. Dá para imaginar a quantidade de trabalho”, diz ele, referindo-se ao fato do game não ter um roteiro pré-estabelecido, com um final determinado.

Nestes jogos, o internauta tem liberdade de explorar o cenário. Tal liberdade dá trabalho para quem sonoriza um jogo. “As pessoas pensam que fazer música para jogo é só colocar um som de tiro, uma outra sequência de notas e pronto”, diz. “Deve se tomar cuidado com as atenuações dos volumes. No meio de uma batalha, por exemplo, é preciso entender quais são os som que interessam e fazem o jogador mergulhar naquilo, e quais não. São detalhes que as pessoas pouco se dão conta. Só reparam quando o trabalho não é bem feito”.

Para a trilha sonora do ‘Taikodom’, que é todo ambientado num universo de ficção científica espacial, Teoli optou por criar uma trilha sonora mais erudita, acrescentando elementos sonoros com sintetizadores. Tudo para dar a ideia ao jogador de que ele está participando de uma grande jornada, assim como acontece no filme Guerra nas Estrelas, de George Lucas.

“A diferença é que eles usam só música erudita”, diz Teoli, que entrou se inicializou na música com o piano aos sete ano e, seis anos depois, ele foi tocar tuba numa orquestra. “Não me pergunte porque a tuba (risos)”, brinca. “Meu quarto parece uma loja da Teodoro Sampaio (rua do bairro Pinheiros conhecida pela grande quantidade de lojas de instrumentos musicais). Tem guitarra, baixo, piano, violão clássico, percussão e a tuba”.

O produtor musical e compositor Marcelo Martins, dono da empresa Clefbits, especializada em compor apenas para os games, explica que o cuidado com a trilha sonora dos games começou com os jogos da produtora japonesa Nintendo, no fim dos anos 80. “Eles foram os pioneiros na criação”, diz.

Retirado de: estadao.com.br